There lies a hope that I have found (...)

8:55 Ponte Vasco da Gama. A caminho de Lisboa. Um dia bonito, céu limpo de um azul claro. Lisboa é tão bonita de longe.
Algum trânsito. No carro, sozinha, com a música a tocar alta, relativamente alta… um disco de 89 toca e de repente estou sozinha. Podia avançar assim para sempre, com a música a tocar. O pé no pedal acelera um pouco mais e sinto-me feliz, serena. À minha frente uma estrada infindável, dali posso ir para qualquer lado… e no fim, no fim, o vazio, azul celeste em que me precipitaria para sempre… conseguiria planar, o vento nos cabelos e dançaria, rodopiaria em movimentos lentos ao som desta e desta.
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Há uns tempos atrás o meu amigo H. perguntou-me qual é a minha relação com a música e eu tentei responder-lhe. Como a Música é um tema recorrente neste blog acho que vale a pena registar aquilo que lhe respondi, porque a forma natural como as palavras saltaram para o teclado, ao lê-las hoje, penso que não poderia ter descrito melhor aquilo que me atrai na música. E hoje mais uma vez aquilo que ouvi teve um poder enorme sobre o meu estado de espírito.
Há uns meses atrás escrevi:
Para mim (a Música) é a arte mais bela, oiço música com um ouvido crítico e simultaneamente emocional. Mexe comigo, sempre teve esse poder de me transportar para outras dimensões. Com a música assumo várias personagens e estados de espírito, não posso explicar… é algo visceral, por vezes é complicado os outros perceberem o porquê.
Gosto de pensar que esta minha ligação à música, e este meu interesse por música, vem do meu avô e bisavô maternos que foram músicos numa banda. Não sei. Pode ter sido, igualmente, do meu pai que também gosta de música e da minha mãe: lá por casa ouvíamos muito Zeca Afonso, MBP e musica pop à farta.
Em pequena, como andei 6 anos no ballet ouvia alguma música clássica, mas hoje é raro (a minha mãe gosta de ópera – eu nem por isso, mas isso sei explicar, porque para mim a música é também Palavra, e eu só costumo gostar de uma música quando a Palavra é percebida e a mensagem assimilada).
Mas, nem sempre sou congruente pois nalguns grupos de que gosto não é a Palavra que me atraí mas a Voz sussurrada e que deixa à nossa imaginação o texto que acompanha o som dos instrumentos, por exemplo, Cocteau Twins e Sigur Rós.
Depois, tenho os incontornáveis DM, que para mim são ainda, em muitas das suas músicas, uma espécie reduto da minha alma, basta-me ouvir alguma música para retemperar forças, encontrar algum sentido nalguma coisa (…).
Actualmente, sou curiosa, acho que se faz muito boa música mas é necessário procurá-la e gosto da criatividade musical. Acho que sou ecléctica, não acho que só nos anos X ou Y é que se fazia boa música… talvez seja tudo mais efémero (agora). Mas de facto os anos 80 para mim são incontornáveis: DM, The Cure, Cocteau Twins, This Mortal Coil, Bauhaus, Joy Division, New Order, Smiths… são tantos.
Adoro vozes femininas (…).
Mas, também gosto da música só para dançar. Gosto tanto de música que não sei viver sem ela, faz parte de mim.
Não sei porque oiço música, só sei que não posso deixar de a ouvir.
Como é que oiço música? Everywhere if possible.
Oiço música e sinto a música. Oiço-a em repeat até quase enlouquecer (ou enlouquecer quem está comigo). O género musical flutua, é cíclico, vou rodando…