Reflexão #7

Uma bela noticia:
Anda tudo doido com os portugueses
UEFA e suíços nunca viram nada assim com uma equipa europeia. Romaria de milhares para ver treino da equipa portuguesa deixou todos espantados.
A UEFA a abriu a boca de espanto perante os 12 mil adeptos que marcaram presença no último treino em Neuchatel.Loucura completa e a bola ainda não começou a rolar, também os suíços fazem vénia a Portugal.

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Sabem, não posso mais. Não posso mais expressar a minha sincera tristeza por esta insanidade que ronda o europeu 2008.
Então, os suíços fazem a vénia a Portugal? Espantoso, um bom motivo de orgulho para nós portugueses. Somos admirados por esse mundo fora pelo nosso futebol, corrijo, pelo espectáculo mediático em que se transformou o futebol nacional. Pelo histerismo nas bancadas num mero treino. Não temo que me acusem de falta de patriotismo, gosto de futebol q.b., fico feliz se ganhamos e triste se não ganhamos, mas para mim não é uma questão de vida ou de morte, como me quer parecer para alguns (temo que para a maioria - não por pretensiosismo mas porque, sinceramente, 22 tipos a correr atrás de uma bola [não contei com os senhores do apito], é um bom entretenimento (ok), mas não será mais do que isso).
O que me horroriza é a nossa incapacidade de nos motivarmos para causas que podem ser mais nobres e justificáveis nos dias de hoje. Não vejo vontade, interesse por temas tão importantes como a justiça, a segurança, a economia… Será que estes temas são apenas para os que pretendem ingressar na política? As pessoas estão amorfas, sou só eu que vejo isso? Estarei velha e rezingona?

Há pouco tempo via uma reportagem na televisão em que um cidadão de um país nórdico dizia (mais ou menos): Temos uma boa qualidade de vida, mas descontamos para isso, é bom viver aqui. Ora bem, será que alguma vez iremos falar assim, ou vamos continuar neste marasmo, a agradecer que pensem por nós, que façam por nós, a desejar o regresso dos tempos da “velha senhora” (neste caso, senhor)?

Quando afloram à minha (linda :-)) cabecinha estes temas, lembro-me sempre do nosso Fernando Pessoa e, em particular, da seguinte parte da sua belíssima obra Mensagem:

Nem rei nem lei,
nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer - Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!